Empregado da INB recebe Medalha de Honra ao Mérito Nuclear em seminário internacional da ABDAN

A Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) realizou nos dias 10 e 12 de novembro o seminário internacional online Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E), com intuito de apontar uma série de medidas para impulsionar o setor nuclear. Durante o evento, a ABDAN também concedeu a Medalha de Honra ao Mérito Nuclear a cinco personalidades que ajudaram no desenvolvimento da atividade no Brasil. O superintendente de Enriquecimento Isotópico, Ezio Ribeiro da Silva Junior, foi contemplado na categoria “Indústria” pela sua contribuição à construção do ciclo de combustível nuclear.

Os outros quatro contemplados com a medalha foram: na categoria Política, o general do Exército Brasileiro, Sérgio Etchegoyen; na categoria História, o Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior; na categoria Pesquisa, o superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Wilson Aparecido Parejo Calvo; e na categoria Medicina Nuclear, o premiado foi o diretor do Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Carlos Alberto Buchpiguel.
   
O superintendente expressou profunda gratidão ao recebimento da medalha e contou um pouco de sua história no setor nuclear. “Tudo começou no início da década de 80 quando procurei o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN) para desenvolver minha tese de mestrado. Entrei como estagiário para realizar o trabalho de mestrado e, logo em seguida, fui contratado. Após a contratação, fui enviado para a Alemanha, onde tive a oportunidade de me especializar em energia nuclear, mas especificamente na área de enriquecimento isotópico de urânio e tecnologia de hexafluoreto de urânio”, contou.
 
Ele narra que teve a oportunidade de trabalhar com PHDs e doutores, aprendendo muito e conseguindo absorver muito conhecimento. Quando retornou da Alemanha, foi transferido para a Nuclei, subsidiária do grupo Nuclebrás, vindo para Resende trabalhar e ajudando a implantar a Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio.

Com o desmonte da Nuclei, em 1993, Ezio relata que foi transferido para a INB e ajudou a implantar as Fábricas de Reconversão e Pastilhas de dióxido de urânio, mas sem nunca abrir mão do enriquecimento isotópico. Ele conta que se dividiu entre a implantação das fábricas e a preparação para implantação também da usina de enriquecimento, agora realizado pelo processo da ultracentrifugação em parceria ao Centro Tecnológico da Marinha de São Paulo (CTMSP).

“Desde então estou nessa atividade, ajudando a INB e o Programa Nuclear Brasileiro”, e acrescenta: “no contexto do Programa Nuclear Brasileiro, eu me sinto ainda jovem, então que venha Angra 3 e novas usinas nucleares, que venha o submarino nuclear brasileiro, a mina de urânio de Santa Quitéria, o Reator Multipropósito Brasileiro e a Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio”, finalizou o superintendente.

Durante a abertura do evento, o presidente da ABDAN, Celso Cunha, defendeu a sinergia entre os diversos atores do segmento nuclear para a criação desse cenário propício para negócios. Celso parabenizou toda a equipe do Ministério de Minas e Energia e da Indústrias Nucleares do Brasil pela grande vitória que está para ser obtida, quando for retomada a mineração em Caetité, na Bahia, que está paralisada desde 2015.   Em suas palavras: “As medidas para viabilizar essa exploração estão sendo tomadas, e também estão avançando em direção a explorarmos a mina de Santa Quitéria, no Ceará, que é uma mina de urânio e fosfato, que trará um investimento de 350 milhões de dólares ao longo do tempo”. 

Outro apontamento feito pelo presidente da ABDAN foi a liberação de recursos para a ampliação da Fábrica de Combustíveis Nucleares (FCN), em Resende, que permitirá suplemento para as usinas de Angra 1, Angra 2 e Angra 3.  E mencionou a importância da retomada das obras de Angra 3. Para Celso, “falando em regulação e fiscalização, a sinalização dada pelo Governo da criação da Autoridade Nuclear, que é um tema debatido e desejado desde 2008, vem avançando. Aguardamos ansiosamente que, ainda em 2020, este assunto seja resolvido”, disse.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou do evento e declarou que o governo planeja o desenvolvimento de uma política para fomentar a criação de um cluster nuclear, com a ajuda da Marinha do Brasil e demais ministérios que também investem no setor, para se formar uma cadeia produtiva com empresas privadas e institutos.



 

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