Um dos principais eventos de negócios e tecnologia do setor nuclear, a NT2E 2025 – Nuclear Trade & Technology Exchange, promovida pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), aconteceu de 20 a 22 de maio, no Rio de Janeiro. A INB foi uma das patrocinadoras e, além do estande na área de expositores, participou de quatro painéis.
As dinâmicas atuais e futuras do mercado de combustíveis nucleares foi o tema do painel “O cenário do combustível nuclear”, que contou com a participação do diretor do Combustível Nuclear da INB, Reinaldo Gonzaga. O painel, realizado no primeiro dia do evento, foi moderado pelo presidente da Seção Latino Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS), Ney Zanella, e também teve como palestrante o diretor do Centro Industrial Nuclear de Aramar, Mário Alves.
O diretor da INB falou sobre o planejamento e os desafios brasileiros no mercado mundial de combustível nuclear. Reinaldo apresentou um panorama da energia nuclear no mundo, falou sobre as atividades da INB, sobre as questões relativas à demanda interna de urânio e combustíveis, assim como os investimentos no ciclo do combustível nuclear e o olhar da empresa para o futuro.
Reinaldo ressaltou que a INB é focada em atender a demanda interna em todas as fases do ciclo e ainda assim participar no mercado mundial. “Se considerarmos que o nosso país apresenta uma das maiores reservas de urânio, é inconcebível que a gente não utilize esse benefício para gerar divisas para o país”, afirmou, acrescentando que é importante não somente trabalhar com o urânio na mina, mas também completar em escala industrial a etapa de conversão e ampliar a capacidade de enriquecimento.
“Em relação ao futuro, a INB tem a intenção de atuar em todas as atividades do ciclo, contribuindo para a geração de energia limpa, e muito alinhada com o Plano Nacional de Energia. A empresa estará apta a produzir todo o combustível demandado pelo Programa Nuclear Brasileiro tão logo seja necessário”, finalizou.
No segundo dia, na parte da manhã, o gerente de Minerais Uraníferos da INB, Felipe Tavares, integrou o painel “Mercado de Mineração de Urânio no Brasil”. Durante o debate, foram apresentados estudos e projeções do setor nuclear que apontam para um desequilíbrio no mercado mundial, a partir de 2030, devido à demanda maior que a oferta de urânio.
Diante desse cenário, Felipe apresentou o Pró-Urânio da INB, um programa que visa buscar parcerias para prospecção e lavra de urânio e materiais associados. “O Brasil ainda é um ‘greenfield’ para explorar. Tem técnicas que ainda não foram aplicadas aqui e só 30% do território brasileiro foi prospectado”, enfatizou.
Os principais objetivos do Programa são: expandir produção de Urânio para 7.000 t U/ ano; eliminar dependência de importação; aumentar geração de caixa e diversificar clientes.
Na parte da tarde, o programa Pró-Urânio também foi apresentado pelo superintendente de Novos Negócios, Sanzio Pereira, durante o painel “Melhoria do Marco Regulatório”. Os debatedores, que incluíram Leonam Guimarães, consultor da Amazul, Alessandro Facure, diretor da CNEN, e Reive Barros, diretor da Acrópolis Energia, relataram a importância de uma atualização do marco regulatório para atender as mudanças e inovações do setor nuclear e facilitar a participação da iniciativa privada no setor.
No contexto da mineração, Sanzio destacou que a Lei nº 14.514/2022 já flexibilizou a participação de empresas privadas e é isso que o Programa Pró-Urânio visa incentivar. “Dentro da modelagem atual, já é possível fazer negócio com a iniciativa privada e já despertamos o interesse de grandes empresas, que até visitaram a INB. Certamente, o aprimoramento do marco regulatório irá contribuir ainda mais para o desenvolvimento dessas parcerias”.
No mesmo horário, a coordenadora de Logística da INB, Thaís Antunes, participou do painel “Desafios e soluções logísticas para a indústria nuclear”, onde apresentou como é o trabalho de transporte de materiais radioativos/nucleares da INB. “A INB leva muito a sério a segurança no transporte de suas cargas nucleares, seguindo diversas regulamentações nacionais e internacionais”, ressaltou.
Entre os desafios, Thaís destacou a dificuldade de encontrar fornecedores que conheçam as particularidades do transporte desse material. “É complicado, por exemplo, achar empresas de seguro que entendam exatamente o risco do material”, explica. Apesar das dificuldades, a coordenadora afirma:
“Temos muitos desafios todos os dias, mas encontramos soluções todos os dias também”.
O terceiro dia da NT2E contou com painéis sobre a medicina nuclear e com as Olimpíadas Nucleares Brasileiras (ONB) 2025 – Hackapower.
Mais de três mil inscritos na NT2E
A edição deste ano da NT2E bateu recorde de inscrições, segundo os organizadores, com mais de 3.200 inscritos. O evento reuniu especialistas, autoridades e empresas que atuam do Brasil e do mundo para debater as oportunidades, desafios e o futuro do setor nuclear.