A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vai lançar ainda este mês um novo edital envolvendo R$ 500 milhões para apoiar projetos voltados para a transição energética, através de subvenções. O anúncio foi feito no dia 25/11, pelo gerente da Finep, Paulo Resende, durante debate no 3º Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, realizado no Clube de Engenharia, no Rio, para apresentar e debater os rumos e desafios do projeto brasileiro, também financiado pela Finep, destinado a desenvolver e testar o primeiro microrreator nuclear brasileiro.
De acordo com o engenheiro metalúrgico Franklin Palheiros, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), é possível que com esse novo edital, haja novos aportes para o projeto do Microrreator Nuclear Nacional (MRN), do qual a INB faz parte. O projeto liderado pela Diamante Geração de Energia e Terminus Energia envolve ainda diversas universidades e instituições do país, entre elas a Marinha do Brasil, a Amazul, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e o Instituto de Engenharia Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IEN/CNEN). Nesta etapa em desenvolvimento, o objetivo é demonstrar a viabilidade técnica de emprego da tecnologia através de testes que serão realizados em uma unidade crítica no IEN. “Com a possibilidade de um novo aporte, podemos elevar o projeto a um estágio superior de maturidade tecnológica através da construção de um protótipo”, disse Franklin, otimista com o anúncio da Finep.
Compactos, seguros e capazes de operar por longos períodos sem reabastecimento, os microrreatores nucleares despontam como uma das mais promissoras inovações energéticas do século XXI. A tecnologia oferece uma solução estratégica para levar energia limpa e confiável a regiões remotas, bases isoladas, polos industriais e operações críticas que hoje dependem de combustíveis fósseis.
O objetivo é que em três anos, o grupo busque validar a viabilidade técnica e sustentável de um sistema de microrreatores nucleares de baixa potência para gerar cerca de 3 MW em um container de 40 pés. O modelo tecnológico brasileiro será projetado para ser operado/monitorado de forma remota por mais de 10 anos sem necessidade de reabastecimento.
Envolvendo recursos da ordem de R$ 50 milhões (R$ 30 milhões da Finep e R$ 20 milhões da Diamante Energia), o projeto não se baseia na adaptação de tecnologias estrangeiras, mas sim no desenvolvimento de uma solução totalmente nacional, fundamentada em pesquisas científicas e na experiência acumulada no setor nuclear, afirmou o coordenador do projeto, Asolfo Braid, que também participou do debate.
O Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações reuniu representantes da cadeia de fornecedores do setor nuclear, empresas públicas e privadas do setor, empresas de geração e operadoras, indústria, projetos, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, além de universidades e Governo, entre outros potenciais usuários da tecnologia e profissionais do setor.