Nota de Esclarecimento

A Indústrias Nucleares do Brasil – INB esclarece que não é possível comparar a Unidade em Descomissionamento de Caldas com a Usina Nuclear de Chernobyl seja pela natureza da atividade ou devido à característica do material utilizado em cada uma delas, como foi feito na divulgação do programa Fala FADS, da TV GGN, transmitido no dia 01/03/23.

Da mesma forma, não condiz com a realidade e apenas assusta a população a comparação dos riscos ambientais associados ao transporte e estocagem do material nuclear denominado Torta II, composto por elementos de baixa radioatividade encontrados na natureza, com os impactos ambientais decorrentes da liberação de elementos de alta radioatividade devido à explosão do reator nuclear em Chernobyl. 

Localizada na cidade de Pripyat no norte da Ucrânia, a usina de Chernobyl produzia energia elétrica através da fonte nuclear. O combustível nuclear que abastece as usinas é composto por urânio enriquecido e a fissão desse elemento provoca calor que aquece a água do reator e movimenta as turbinas. Os quatro reatores de Chernobyl foram construídos entre 1970 e 1977 e usavam grafite como moderador das reações nucleares. Em 1986, um grave acidente aconteceu, nessa usina, devido a falhas inerentes no projeto do reator, bem como dos operadores durante um teste, o que causou uma explosão e dispersou no meio ambiente elementos de alta radioatividade produzidos no interior do reator durante o processo de geração de energia elétrica. 

Desde o acidente, muito se avançou no quesito segurança das usinas nucleares ao redor do mundo. Atualmente, os reatores não usam mais o grafite como moderador e para evitar o vazamento de material nuclear as usinas são construídas com uma cúpula de contenção de aço e concreto. No Brasil, as usinas nucleares são operadas pela Eletronuclear seguindo padrões rígidos de segurança, tanto que não há registro de acidentes ao longo de seus quase 40 anos de funcionamento. A INB atua no ciclo de produção do combustível nuclear, desde a mineração até a produção do elemento combustível nuclear que abastece as Usinas. 

A Unidade em Descomissionamento de Caldas nunca foi uma usina nuclear e sim uma instalação onde foi realizado o tratamento químico do minério de urânio extraído da natureza. A Unidade operou de 1982 a 1995 e, atualmente, encontra-se em fase de descomissionamento. O descomissionamento compreende as ações, ao término da vida útil do empreendimento, para a mitigação de impactos ambientais e recuperação de áreas degradadas, objetivando liberar áreas a outros possíveis usos pela sociedade. 

As principais atividades realizadas pela INB Caldas para controle dos materiais remanescentes da mineração e beneficiamento de urânio, assim como da Torta II, são o tratamento de água ácida, gerenciamento de resíduos e rejeitos sólidos, gestão de segurança da Barragem de Rejeitos e da Barragem de Águas Claras, gestão ambiental, incluindo recomposição da vegetação; gestão da segurança dos trabalhadores e monitoramento radiológico e ambiental.

Simultaneamente ao controle da instalação, a INB Caldas vem executando diversas ações de descomissionamento, como a desmontagem e demolição de áreas industriais, a disponibilização de áreas atualmente usadas no tratamento de águas ácidas para suas recuperações ambientais, assim como a definição das melhores soluções de descomissionamento para a Cava da Mina, barragens e pilhas de resíduos de mineração.

As ações de controle e decomissionamento da INB Caldas são monitoradas pelo Ministério Público Federal em decorrência de Acordo Judicial de Conciliação assinado em 2018. Especificamente quanto à segurança da Barragem de Rejeitos, o monitoramento ocorre através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2019 para implementação do Plano de Segurança da Barragem (PSB) e do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM). Essas ações podem ser conferidas clicando aqui

Sobre a transferência de material radioativo 

Sobre a alternativa da transferência da Torta II da unidade de São Paulo para a Unidade de Caldas, a INB afirma que ainda está estudando as possibilidades e que o relatório enviado à CNEN objetiva apresentar conceitualmente proposta contemplando edificação, embalagens e arranjo de empilhamento, assim como demais procedimentos de proteção radiológica e segurança nuclear. Mediante a avaliação da CNEN quanto à aplicabilidade da proposta, conforme registrado no relatório, a INB seguirá com as providências para envolvimento das partes interessadas - sociedade, órgãos governamentais, órgãos reguladores e Ministério Público Federal, entre outros - para consideração da viabilidade social, ambiental, financeira, econômica e técnica.  

As condições de armazenamento da Torta II na INB Caldas vêm sendo melhoradas, conforme divulgado amplamente pela empresa (veja aqui).  Especificamente sobre a operação em andamento, atualiza-se que mais de 50% dos tambores metálicos encontram-se sobre-embalados, com previsão de conclusão em novembro de 2023.

A INB trabalha, continuamente, para que nenhuma eventualidade nas suas operações venha a prejudicar a saúde dos seus trabalhadores, da população ou o meio ambiente. 


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